Segundo Angela Santos em seu livro “A Biomecânica da Coordenação Motora”, a função motora divide-se em dois grandes itens dos quais se desdobram todos os movimentos humanos: preensão, o ato de agarrar, segurar e deambulação, a marcha, ato de caminhar. Neles compreendem os gestos que fazemos, todos os dias.
Em nosso desenvolvimento motor, o reflexo de preensão começa entre o 4º e 11º mês de vida e segue em desenvolvimento dali para frente. Já o processo de verticalização para o início da marcha, envolve quase todos os reflexos que temos desde o nosso nascimento. Portanto, ainda que sejam movimentos e gestos cotidianos, são extremamente complexos quanto ao desenvolvimento e estruturação. Por isso necessitam de atenção e trabalho sempre.
Ivaldo Bertazzo, dentro de seu método de Reeducação do Movimento, enfatiza muito nosso processo evolutivo enquanto Homo sapiens. Nossa estrutura corpórea, inicialmente, era de quadrúpedes e o formato de nossa coluna vertebral adaptado a essa realidade. A estrutura se desenvolveu ao mesmo tempo em que se desenvolviam novas necessidades de estar no mundo. Saímos do quadrupedismo e viemos para o bipedismo concomitante às projeções de novas perspectivas de vida, de racionalização e comunicação. Com essa nova posição corporal, nossas vértebras, músculos, nervos e ossos começaram a receber a força da gravidade em oposição a sua postura. E é aí que a relação postural começa a nos convidar a uma escuta atenta sobre ela.
O movimento é uma condição inerente ao ser humano. Por isso, o ponto primordial para pensarmos a postura é entendermos que ela não se dá estática e sim, de forma dinâmica. Dito isso, já quebramos alguns paradigmas posturais. Não somos estruturas padronizadas, cada corpo é único e precisa ser tratado como tal. Se você me perguntasse hoje qual a melhor postura para você, te responderia: “a próxima!”. O movimento é sempre a melhor opção. E perceba aqui, movimento é o ato de mover-se e não uma forma ou exercício em específico.
Contudo mover-se, aqui, implica em saber que se move. Portanto é crucial perceber-se em movimento, saber quais escolhas você faz ao se mover, como você se move, quais topografias você desenha enquanto se movimenta. É um trabalho de autoconhecimento através da consciência corporal. Busque sempre a próxima postura em seu home office.