No Capítulo 12, onde falei sobre Velocidade e Produtividade no Scrum, mencionei os resultados da pesquisa State of Agile. Essa pesquisa também inclui as ferramentas mais utilizadas pelas empresas que adotam métodos ágeis e um percentual significativo delas desenvolve as suas próprias ferramentas.
Figura 13.7.1 – Ferramentas ordenadas por uso na pesquisa State of Agille
Uma dessas ferramentas “feitas-em-casa” é o Trelássio, desenvolvido pelo Tássio Caique, da Sysvale Softgroup, health tech localizada na região do Vale do Rio São Francisco. Para a empresa, que antes utilizou o Trello (que inspirou o nome), as ferramentas comerciais não atendiam exatamente a empresa. Segundo Tássio:
“A percepção é de que as ferramentas disponíveis no mercado, na verdade, feriam os pilares de inspeção e transparência do Scrum e isso, claro, impacta diretamente em outro pilar: a adaptação. Tínhamos dificuldades diárias para visualizar a fotografia do Sprint e, muitas vezes, os entraves passavam despercebidos e as entregas eram seriamente afetadas. O Trelássio tem como principal característica a sua simplicidade. Ele foca em deixar todos os artefatos – formais e acessórios – o mais expostos possível para que, a partir dessa visibilidade, os times possam continuamente identificar e fazer os ajustes necessários rumo às entregas de valor.”
O estímulo para o desenvolvimento do Trelássio vem também da aprendizagem da Sysvale em lidar com a migração da equipe integralmente para o trabalho remoto durante o período da pandemia (desenvolverei esse assunto na parte VI desse livro, “Crônicas do Isolamento Social“). Um pouco antes, as equipes de desenvolvimento decidiram retomar as ferramentas de “baixa fidelidade”: quadros brancos com o Kanban e seus múltiplos post-its, com mais post-its colados em cima para representar impedimentos e a necessidade de refinar histórias.
Figura 13.7.2 – A visão resumida do Sprint no Trelássio
O CEO da empresa, Cadu Guimarães, destaca:
“O aspecto amplamente visual, tátil e lúdico do quadro branco com suas etiquetas adesivas, a possibilidade de levar essas etiquetas para discussões com o time ou entre pares a qualquer momento e levá-las atualizadas novamente ao quadro era algo que não queríamos perder quando fomos todos trabalhar a partir de nossas casas. O Tássio, que conhecia muito nossas equipes e seus processos, foi capaz de traduzir a nossa forma de trabalhar em uma ferramenta que respeita a máxima dos métodos ágeis: pessoas e suas interações antes de tudo!” .
Vale destacar que a Sysvale, que desenvolve seus produtos todos baseados em softwares livres, resolveu disponibilizar o Trelássio também como tal. Assim, as pessoas podem usá-lo e, principalmente, colaborar com o seu desenvolvimento.
Conheça mais sobre o Trelássio nesse link: github.com/sysvale/board