Com exceção dos que acabam de passar um longo período de férias fora do sistema solar, todos os demais já assistiram ao seriado Lost ou ao menos ouviram falar dele. É a história dos sobreviventes de um desastre aéreo que acabam em uma ilha não exatamente deserta. Sempre que parece que a ordem é estabelecida, alguma surpresa acontece. O personagem John Locke – que casualmente, ou não, tem nome de filósofo – é o Scrummaster da ilha, o cara que remove os obstáculos, custe o que custar. Ainda na primeira temporada, com o ataque surpresa de javalis, o homem teve a ideia de caçar e carnear os bichos, eliminando o perigo e a fome da rapaziada. No seriado, isso não fica explícito, mas é evidente que Locke é gaúcho!
“Tudo o que sei sobre Scrum eu aprendi com o M*A*S*H!” é uma excelente metáfora escrita por Steve Ropa. Para quem, como eu, gosta do antigo seriado M*A*S*H!, fica óbvio quem é o Scrummaster, mas, mesmo assim, traduzo um pedacinho do artigo de Steve: Radar O’Reilly garantia que tudo seria feito. As pessoas se acostumaram a confiar nele, sem perguntar por nada em particular, e ele realmente fazia tudo acontecer. Se algum obstáculo ficasse na frente de alguém, ele sabia o que propor – e a quem propor – para fazer com que o obstáculo desaparecesse. Também acho importante ressaltar que Radar não era um militar durante a maior parte da série. Ele exercia sua liderança a partir de uma posição de nenhum poder. Ele não sabia nada sobre medicina e nada sobre a força militar, mas sabia tudo sobre relacionamentos (ainda que nada sobre os do tipo romântico). Não há dúvida sobre quem fazia as coisas acontecerem: tudo era com o Radar. Ele fazia com que tudo corresse bem, de forma que os médicos e as enfermeiras pudessem manter o foco na cura dos doentes e feridos. Este é o papel de um Scrummaster. |
Quem já trabalhou em qualquer projeto em que a especificação resultou em algo que era exatamente o que o cliente queria, parabéns! Na maioria dos casos isso não acontece. Não por culpa do cliente, mas porque os projetos são desenvolvidos ao longo de um tempo no qual as necessidades podem mudar e a própria interação entre a equipe de desenvolvimento e o cliente pode mostrar que existem soluções melhores do que as que foram pensadas inicialmente – e é um erro ater-se a especificações iniciais quando uma possibilidade melhor, mais simples ou mais econômica de resolver o problema aparece. As metodologias ágeis levam isso em conta. Tudo muda o tempo todo! É o caos! Como colocar ordem nesse caos? No princípio, era o caos, diz a Bíblia, mas em seis dias o criador deu um jeito e ainda descansou no sétimo. Deus deve ter contado com um bom Scrummaster. Muito diferente de um gestor de projetos tradicional, que é responsável por planejar, instruir e coordenar os trabalhos de sua equipe, nas metodologias ágeis de desenvolvimento esse gestor é substituído por um facilitador e motivador, um líder servidor. Por isso mesmo é importante a rotatividade do papel do Scrummaster entre os membros da equipe. Todos devem ter a oportunidade de exercer essa função, ressaltando a característica de que, em uma equipe Scrum, todos são iguais.
O Scrum é um conjunto simples e eficaz de ritos, papéis e artefatos para maximizar resultados, sem gerar sobrecarga administrativa e permitir que a equipe trabalhe feliz. O Scrummaster deve garantir que esses ritos sejam cumpridos, os papéis estejam bem representados, os artefatos sejam apropriadamente usados e que sempre estejam diretamente relacionados à melhoria dos processos, a um melhor retorno de investimento e à liberdade criativa da equipe. Parece e é simples. Justamente por isso que não se deve subvalorizar o aprendizado dessa metodologia.