Enquanto eu escrevia esse subcapítulo, recebi um screenshot do Cadu Guimarães, CEO da Sysvale, da reunião de revisão do bimestre da empresa (Figura 13.9.1) na ferramenta Spot.
Figura 13.9.1 – reunião bimestral da empresa Sysvale
A Sysvale foi uma das muitas empresas que migrou totalmente para o ambiente virtual durante a pandemia de COVID-19, não sem passar por alguns traumas iniciais. Eu tive a grata oportunidade de participar da criação da empresa, na maior parte do tempo como coach de métodos ágeis, mas também na introdução de boas práticas e ferramentas de desenvolvimento.
A Sysvale nasceu ágil e manteve-se firme na ideia de proporcionar um bom ambiente, presencial, para toda a sua equipe. Jogos em grupo (de campeonatos de ping-pong à RPGs e outros jogos de tabuleiro) eram incentivados desde o início. A segunda sede da empresa tinha uma piscina e churrasqueira e, nada raramente, os colaboradores traziam suas famílias para compartilharem das benesses nos finais de semana quentes da Bahia. Toda a Sysvale é, de fato, uma família. Todos sentiram muita falta um do outro quando tiveram que se afastar.
Ainda que o Cadu Guimarães conte mais dos aprendizados em tempos de pandemia no “Capítulo 24 – Nossa Startup foi para a nuvem!“, notei que, de certa forma, várias empresas, em especial startups, seguiram por um caminho similar na busca de substituir a realidade por experiências no metaverso, ou quase.
Nos primeiros meses, as ferramentas mais tradicionais de videoconferência eram as mais usadas (Zoom, Jitsi, Google Meet, Microsoft Teams) e outras que, de certa forma, já eram utilizadas na comunicação com pessoas externas às empresas e com as quais as equipes já estavam acostumadas. Logo, ferramentas como o Gather Town passaram a ser utilizadas para representar, com um visual similar aos videogames dos anos 1980, os escritórios reais, com direito à plantas, cachorros, gatos, um espaço para lazer e muitas outras coisas. Em espaços assim, cada pessoa cria seu avatar e está, de fato, presente de tal maneira que outros possam localizá-la no escritório e falar com ela. O aspecto lúdico de ferramentas assim contribuiu para a manutenção da proximidade quando todos tinham que se manter afastados dos demais.
Figura 13.9.2 – Um escritório virtual na ferramenta Gather Town
Várias outras opções de metaversos para o trabalho remoto estão disponíveis. O Spot, utilizado pela Sysvale, ainda possui a visualização similar a um jogo, mas já com um aspecto 3D, assim como o SoWork.
O Mozilla Hubs vai além do espaço do escritório e permite a criação entre mundos virtuais, criados por todos os usuários da ferramenta e, certamente, merece ser explorado (Figura 13.9.3).
Claro que as opções não se esgotam nessas ferramentas e é de se esperar muita evolução nela e em outras novas, ainda que não esteja muito claro qual será o formato do novo trabalho pós isolamento social, mesmo que o modelo híbrido, combinando o real e o virtual, deva prevalecer.
Figura 13.9.3 – Mozilla Hubs